CURRICULO ESCOLAR
O fenômeno educacional pode ser compreendido com base em sua
dupla dimensão: a primeira, no que se refere à apropriação dos bens culturais
produzidos ao longo da historia; a segunda, à possibilidade de criar e recriar
novos conceitos, valores e princípios. Em outras palavras, a educação é permanência e transformação em um
processo interativo.
É no espaço escolar, de modo particular, que o processo de
ensino e aprendizagem ocorre de maneira formal, este processo é determinado
pelas concepções de ser humano, sociedade e educação dos envolvidos no
processo. Os conhecimentos produzidos pelo homem podem ser apropriados por
todos os membros da sociedade por dois caminhos básicos: pela convivência e pelo contato com o grupo social, ou seja, de maneira informal, e também pelo acesso a produções históricas, por meio de uma instituição também criada pelo homem
denominada escola. Nesse sentido
podemos inferir que os conhecimentos são apropriados pela interação com o
outro, na relação com os objetos, situações que são fruto da elaboração
histórica do próprio homem.
O currículo é a organização e sistematização dos
conhecimentos no contexto escolar, ele define o que, como e para que, os conteúdos são trabalhados. O currículo
traz em sua essência questões econômicas, políticas, culturais e históricas que
ultrapassam a idéia de uma simples seleção de conteúdos disciplinares (saviane
2000).
O currículo é transformação, não apenas no que se refere a
mudar o sentido, de ir por outro caminho, mas de buscar novas alternativas. O
currículo representa a caminhada que o sujeito irá fazer ao longo de sua vida
escolar, tento em relação aos conteúdos apropriados quanto às atividades
realizadas sob a sistematização da escola. Nesse sentido escolaridade é um
percurso para os alunos e o currículo é o seu recheio.
Pedra (2007) discute
a polissemia do termo currículo, essa afirmação pode ser verificada em virtude
dos vários sentidos e visões filosóficas de ser humano, história e educação de
determinado teórico ou escola teórica que discute currículo.
Até o final do século XIX as definições de currículo eram
restritas à matéria que seria lecionada em sala de aula, dessa forma a ênfase
era dada á metodologia.
HISTORICO DO
CURRICULO ESCOLAR
O currículo nacional sofreu influencias de teorias de outros
países na sua organização, esse fato é denominado transferência ou transplante cultural, ao estudarmos as bases
históricas que compõem os programas e os currículos do ensino brasileiro, é
evidente a influencia primeiramente francesa
e posteriormente americana permeando
as idéias sobre o currículo (Pedra 1997).
Em 1549 os
jesuítas eram os únicos responsáveis pela educação dos brasileiros, e eles
usaram um programa definido Ratio
Studiorum, concebido pela ideologia do homem quinhentista e da pedagogia
tradicional, em nosso contexto foi instalada a pedagogia brasílica, que procurava se adequar ás condições especificas
da colônia, utilizando o idioma tupi tanto para se dirigir aos nativos como aos
colonos que já entendiam a língua geral falada ao longo da costa brasileira.
No programa de ensino, os conteúdos eram selecionados da
cultura universal, sendo assim denominados humanísticos
e enciclopédicos, os quais eram repassados como verdades absolutas. Com
base no método expositivo, esses conteúdos racionalmente repassados aos alunos
pela exposição verbal, com ênfase nos
exercícios, na repetição, na memorização e na verificação de resultados, com
bases em interrogatórios orais e escritos.
Outra forma de adaptação ao contexto
brasileiro foi o método Lancaster,
oficializado em 1827, que baseava no
aproveitamento de alunos adiantados para auxiliarem o professor em classes
numerosas. Na segunda metade do século XIX podemos verificar os primórdios da
mudança que se concretiza no inicio do século XX, um novo procedimento foi
sendo adotado em relação ao método utilizado até então. Conhecido como Lição das coisas, o método intuitivo
foi à base do ensino, principalmente em São Paulo, na ultima década do século
XIX. Esse método estava relacionado aos materiais didáticos como suporte
físico, como quadros negros, gravuras, globos, mapas, entre outros. Método
Lancaster e método intuitivo são experiências estrangeiras que, transferidas
para o Brasil tiveram adaptações e encontraram resistência, principalmente em
relação ao ultimo método, dado a força da igreja católica e da pedagogia
tradicional.
É com o movimento da escola
nova que o uso do método intuitivo ganhou força e é nesse marco que iremos
discutir as primeiras iniciativas que utilizaram o temo currículo. É em John Dewey
que podemos encontrar primeiramente a expressão currículo na obra The child
and the curriculum, de 1902. Para Dewey o valor dos conhecimentos
sistematizados “está na possibilidade,
que o educador, de determinar o ambiente, o meio necessário á criança, e assim
dirigir indiretamente a sua atividade mental”, esse autor compreendia currículo
tendo como foco a pratica do professor.
Embora Dewey tenha dado o primeiro passo no que concerne ao
estudo sobre o currículo, a teorização desse tema só seria concretizado com
Franklin John Bobbitt, teórico norte americano, no livro The curriculum, no qual afirmava que o currículo “é aquele conjunto ou serie de coisas que
as crianças e os jovens devem fazer e experimentar a fim de desenvolver
habilidades que os capacitem a decidir assuntos da vida adulta”.
Bobbitt ao
contrario de Dewey entendia o currículo
tendo como foco o aluno, diante disso Bobbitt propunha que as escolas organizassem suas ações como uma empresa, ou seja,
especificassem quais os resultados pretendiam obter, quais os métodos usariam
para adquiri-los e quais as formas de mensuração utilizariam para verificar os
resultados. A emergência dessa concepção está associada á racionalidade instrumental e técnica.
As mudanças do pensamento curricular no Brasil efetivam-se
nas décadas de 1920 e 1930, época de mudanças na sociedade, como o processo de
urbanização e industrialização e de efervescência das idéias renovadoras, tendo
como disseminadores os pioneiros da
escola nova, principalmente no que concerne à crítica a antiga tradição
pedagógica e jesuítica e à tradição enciclopédica, constituindo-se em um
processo que se caracterizava pela “reconstrução
e reconstituição da experiência; um processo de melhoria permanente da
eficiência individual”.
É por meio desses teóricos renovadores, entre os quais
destacamos Fernando Azevedo e Anísio
Teixeira, e nas reformas empreendidas pelos mesmos em seus estados que
podemos localizar as primeiras iniciativas de sistematização do processo
curricular que, até então, não existia no país.
Os programas empreendidos pelos escolanovistas, mesmo que
pela ótica do liberalismo, podem ser considerados o principio da organização
curricular do país, pois já se viam elementos que hoje constam nos nossos
currículos, nos quais observamos muito do que uma mera lista de conteúdos,
assim como a preocupação com a democratização do ensino.
No período do Estado
Novo, a partir de 1937, as discussões sobre a educação e os teóricos da
escola nova entraram em uma espécie de hibernação. A ênfase se deu no ensino
profissionalizante sob uma visão mais conservadora, que podemos verificar com a
criação do SENAC e SENAI. Porém esses mesmos educadores, os escolanovistas,
mesmo afastados das discussões educacionais continuaram a influencia de certa
forma o pensamento pedagógico nacional com a institucionalização do Inep em 1938. Outro órgão que teve
grande influencia no pensamento pedagógico e, mais especificamente, no
currículo, colocando a importância de estudos sobre o assunto, e que demonstra
a importância de idéias estrangeiras, é o Programa
de Assistência Brasileiro-Americano ao
Ensino Elementar – PABAEE, criando em 1951, a partir de um acordo, tendo
como objetivo central a melhoria do ensino elementar brasileiro, o qual pode
considerar o primórdio dos acordos que mais tarde se concretizariam com o
tecnicismo.
O tecnicismo foi
introduzido no Brasil no final de 1960, com ênfase na produtividade, o ensino brasileiro foi moldado por meio da
pedagogia tecnicista, que convertia em pedagogia oficial, foi encampada pelo
aparelho do estado, que procurou difundi-la e implementá-la em todas as escolas
do país. Sua base filosófica era a concepção analítica, o tecnicismo tinha como
objetivo a exatidão, seus pressupostos eram neutralidade cientifica, inspirada
na racionalidade, eficiência, produtividade, a pedagogia tecnicista advoga a
reordenação do processo educativo de maneira que o torne objetivo e
operacional.
Michael Apple e Henry
Giroux, que influenciados pela teoria social européia, como também por Paulo Freire, procuravam revelar a
função ideológica do currículo e se mostraram insatisfeitos com a abordagem técnica
do currículo, sendo considerada pioneira da tendência curricular crítica. Os dois autores interessaram-se, então, por
estudar as relações entre as questões curriculares e economia, estado,
ideologia, poder e cultura, ao invés de se voltarem para técnicas de
planejamento curricular. É a partir de Apple
e Giroux, que as analises do currículo passam a ser compreendidas à luz das
concepções de sujeito, educação e sociedade, principalmente as relações de
poder presentes de forma mais ampla na sociedade. Nesse sentido, o currículo é
visto como instrumento de dominação ideológica nos permite ver como uma
sociedade se reproduz e como perpetua suas condições de existência pela seleção
e transmissão de certas formas de capital cultural.
Adiante, na década de 1980, novas formas de se entender o
currículo foram sendo empreendidas no país, seguindo a tendência curricular
critica. Dentre os autores que se destacaram nessa perspectiva, elencamos Dermeval Saviani, Carlos Roberto Cury, José
Carlos Libaneo, entre outros que criticaram contundentemente a escola nova.
A partir da década de 1990, novos enfoques e paradigmas para
se compreender o currículo vão sendo delineados, principalmente em virtude da
ênfase dada à subjetividade aos saberes pedagógicos e epistemológicos relativos
ao conteúdo escolar a ser ensinado e aprendido. A LDBEN de 1996 atribui-se à União estabelecer, em colaboração com os
Estados, o Distrito Federal e os Municípios, competências e diretrizes para a
Educação Infantil, o Ensino Médio, que nortearão os currículos e seus
conteúdos, de modo a assegurar formação básica comum.
Nesse período, inicia-se o desenvolvimento de pesquisas que,
considerando a complexidade do processo educativo, criticam o modelo da
racionalidade técnico tradicional adotado nos programas curriculares. A ênfase
recai sobre diferenças culturais dos grupos sociais, ou melhor, segundo Zotti
(2008), sobre “a necessidade de o
currículo dar voz ás culturas excluídas, negadas ou silenciadas”.
O CURRICULO E O
CONHECIMENTO NA ESCOLA
O currículo é um instrumento utilizado por todas as
instituições educacionais com a finalidade de organizar pedagogicamente o
trabalho formativo. Usa-se o currículo tanto para desenvolver os processos de
conservação, transformação e renovação dos conhecimentos historicamente
acumulados como para socializar as crianças e os jovens segundo valores tidos
como desejáveis.
No que concerne à formação
escolar, o currículo pode ser entendido como a espinha dorsal do trabalho
pedagógico. Quando pensamos em sua importância nos processos de aquisição ou construção de conhecimentos, devemos
definir os conteúdos necessários para uma determinada serie ou ciclo com base
na funcionalidade pratica da educação formal e na exigência do desenvolvimento
cognitivo. Ao pensarmos na função
socializadora que o currículo deve exercer, é necessário criar condições
para que os educandos consigam subsídios que viabilizem a sua movimentação em
todos os contextos, espaços e tempos.
O currículo deixa de
ser visto como um elemento inocente, neutro, destituído de comprometimento
político, e passa a ser compreendida com base em seu poder, sua ideologia, sua cultura,
capaz de produzir identidades individuais e sociais particulares. Zotti
(2004) afirma que os currículos oficiais foram elaborados ao longo da historia
para atenderem às demandas econômicas. Nesse sentido, todas as mudanças no
campo curricular que já foram realizadas seguiram os interesses políticos do
modelo econômico vigente.
Buscando organizar a nossa reflexão da melhor maneira possível,
traçamos três vertentes que julgamos
importantes discutir. A primeira
vertente remete a analise sobre a realidade sócio-historica e a organização
curricular ao longo da historia da educação brasileira. A complexidade da união
entre teorias e as vivencias praticas nos exige desconsiderar as tradições
educacionais, ultrapassando as ideologias impostas e transitar em diferentes
formas de ver, analisar e pensar a educação, buscando, assim, uma maior
aproximação entre os indivíduos escolares. A segunda vertente se refere ao pensar educativo que ainda alimenta a
cultura da fragmentação dos conteúdos e dos conhecimentos. Com isso, a
complexidade dos processos de aprendizagem escolar se restringe a um olhar
obscurecido, distorcido, simplista e, às vezes, preconceituosos. Há uma ênfase
conteudista sobre o que aprender, como aprender, por que aprender, e a
organização curricular permanecem atrelados a uma pratica conservadora que é
preciso superar. Na terceira vertente
discutiremos o currículo e as novas exigências socioeducacionais. A sociedade
mudou consideravelmente nas ultimas décadas, nessa perspectiva, é interessante
refletir sobre uma construção curricular que esteja adequada à atual realidade
sócio-historica dos educandos e da educação brasileira.
A realidade
sócio-historica e a cosntrução curricular na educação brasileira
A escolha dos conteúdos a serem ensinados pressupõe as
finalidades e os objetivos da educação formal. Um povo mais desenvolvido
política e economicamente impõe a sua cultura, o seu modelo de civilização e
sua organização social, determinando os seus interesses sobre outro grupo,
nesse contexto, a educação formal é
usada como instrumento civilizatório, cujas práticas pedagógicas
doutrinárias têm a finalidade primordial de exploração econômica, submissão e subserviência.
O jesuíta Manuel da
Nobrega elaborou o primeiro plano de instrução, seu objetivo era a sujeição
dos gentios, sua conversão à religião católica e sua conformação disciplinar,
moral e intelectual. No entanto, a aplicação do plano não alcançou sucesso
esperado e foi substituído pelo Ratio Studiorum.
O Ratio Studiorum
foi um plano constituído de regras que delineavam todas as atividades das
pessoas diretamente envolvidas com o ensino, tinha um caráter universalista,
pois foi adotado por todos os jesuítas; era elitista, restringindo-se á
formação dos filhos dos colonos e excluindo os indígenas.
O ensino jesuítico corresponde ao nosso primeiro modelo de
educação, durando 210 anos, de 1549 a 1759, quando os jesuítas foram expulsos
pelo Marquês de Pombal, estadista
português enviado ao Brasil com o objetivo de aumentar a arrecadação para os
portugueses. O sistema educacional
jesuítico foi desmantelado e o Marques de pombal tentou a reconstrução do
ensino, essas medidas educacionais eram desconexas, fragmentadas e
enciclopédicas. Os professores leigos eram despreparados, o sistema
funcionava com aulas regia, o desenvolvimento das aulas era lento, pela
resistência encontrada e pela falta de recursos financeiros.
Com a chegada da família real houve algumas mudanças na
educação brasileira, porem essas mudanças favoreceram principalmente à corte e
a aristocracia, não abrangia a população, pode-se dizer que: de modo geral no século XIX não há ainda
uma política de educação sistemática e planejada, as mudanças realizadas sempre
tenderam a resolver problemas imediatos, nunca encarando a educação como um
todo.
A Proclamação da independência favoreceu algumas tentativas
de implantação de um sistema educacional, sendo uma medida importante foi à
criação da Lei das escolas de primeiras
letras.
Podemos inferir que na historia brasileira existiram muitas
tentativas pedagógicas, no entanto em termos curriculares, as reformas não
ultrapassavam a finalidade tecnocrata de treinamento, o currículo permaneceu
centrado em prover aos educandos conteúdos restritos à atividade ocupacional,
dessa forma a primazia educacional se manteve distante de preocupações com a justiça social.
Na tentativa de produzir mudanças no contexto educacional Paulo Freire elabora uma proposta
pedagógica para a educação de jovens e adultos, nessa perspectiva os educandos
devem ser conduzidos a refletir sobre a realidade. A educação deve assumir uma função politizadora, viabilizando aos
educandos a compreensão critica da realidade. Caracterizada como educação não
formal e em seguida denominada de educação popular, a atuação pedagógica é
organizada com base nas vivências do educando.
Teorias não criticas
As teorias não criticas decorrem de uma época em que a
escola foi direcionada a seguir os princípios da administração fabril, da
racionalidade técnica e do modelo taylorista fordista. Os teóricos visaram à
padronização dos processos pedagógicos com o objetivo de atender à
escolarização em massa, preparando os indivíduos o sistema mecânico de
produção.
·
Escola
tradicional – Apresenta uma estrutura curricular com conteúdos isolados e
disciplinas especificas, visa preparar o educando para atuar na sociedade, com
base em um ensino enciclopédico desconexo. A
organização curricular enfatiza a quantidade dos conteúdos, que são
apresentados de forma fragmentada, nesse contexto o professor é o detentor do
saber e o educando é um ser passivo que apenas retém as informações
transmitidas, memorizando o conteúdo por meio de repetidas atividades de
fixação.
·
Escola
Nova – Ensaia uma aproximação da realidade dos educandos com base em uma
proposta de elaboração de projetos focada nos interesses apresentados em sala
de aula. O professor se torna um
facilitador da aprendizagem, o educando é um Ser ativo, participativo, construtor
do seu conhecimento. A ênfase curricular está no processo de aprendizagem, na
descoberta e no respeito aos diferentes ritmos. A preocupação central desse
modelo é com os melhores métodos para viabilizarem o processo de
ensino-aprendizagem. No entanto falha por não valorizar a organização
sistemática de conteúdos e por se esquivar da importância da criticidade.
·
Escola
tecnicista – Exalta a importância do desenvolvimento das competências e das
habilidades especificas, excluindo aqueles alunos que não se tornam aptos para
funções produtivas. Centra-se nos melhor
recurso de ensino. O currículo enfatiza o desenvolvimento do pensamento e
da ação instrumental, de modo que o comportamento deve ser “moldado” de acordo
com técnicas especificas. O professor é
um técnico do ensino e o educando é apenas o individuo para quem se transmite
as informações, desconsiderando-se o seu potencial de criar, de recriar, de
pensar, de analisar, de refletir.
Teorias críticas
As teorias criticas surgem denunciando o poder da hegemonia
dominante, cujos processos de conhecimento, de adaptação e de perpetuação das
desigualdades são reforçados pelas praticas escolares. Os principais
fundamentos dessas teorias emergem de duas escolas: Frankfurt, cujas críticas à racionalidade técnica sugerem a
transformação escolar em uma “pedagogia da resistência”. Essa escola defende
que o currículo deve ser elaborado visando à emancipação e à liberação; a francesa,
cujas criticas se referem à reprodução das desigualdades sociais realizadas no
contexto escolar por meio da elaboração curricular que privilegia a cultura e a língua da elite dominante.
·
Pedagogia
crítico-reprodutivista – Considera a escola como uma instituição articulada
na sociedade, que funciona como aparelho ideológico do Estado, e o ensino
produzem violências simbólicas na medida em que privilegia a cultura da elite
dominante. Destaca que o currículo escolar tradicional elimina componentes
critico-reflexivo para formar mão-de-obra especializada, gerando educandos que
não apresentam resistência, aceitando passivamente as diferentes formas de
submissão e opressão. Apesar das muitas criticas as teorias anteriores, as
teorias crítico-reprodutivista não apresentam uma proposta político-pedagogica
bem delineada que forneça subsídios suficientes para a construção de sua
práxis.
Teorias pós-criticas
Fundamentadas no pós-estruturalismo, destacam o
multiculturalismo como um movimento de adaptação e resistência. O currículo
deve ser elaborado a partir da preocupação com a formação da identidade dos
indivíduos e de acordo com os significados sobre a realidade expressa nos
discursos desses indivíduos. A realidade, portanto, não pode ser concebida sem
considerarmos a significação que esta tem para os indivíduos aos qual o
currículo se destina.
·
Pedagogia
histórico-critica - Defende uma organização curricular com base em áreas de
conhecimento nas quais as múltiplas dimensões de conteúdos sejam integradas e
inter-relacionadas entre si, despertando uma analise critica e reflexiva nos
educandos. Enfatiza que os conteúdos universais e culturais devem ser
trabalhados com base na relação direta de experiências trazidas da realidade
social e confrontadas com o conhecimento sistematizado. O professor é um mediador da aprendizagem e deve valorizar a
subjetividade do educando.
A estrutura curricular e a pratica correspondente ainda
apresentam o reprodutivismo como característica marcante das escolas
brasileiras. Podemos inferir que essa situação decorra de uma imposição
socioeducacional, cujo objetivo primordial das escolas seja centrar-se na
aprovação dos educandos em testes avaliativos quantitativos usados como instrumento
de seleção para o ingresso nas universidades, na progressão educacional e na
avaliação do próprio sistema educacional.
O currículo, portanto, não pode ser entendido e trabalhado
como simples conglomerado de disciplinas isoladas. É preciso transcender esse
modelo reprodutivista de organização curricular para se adequar às necessidades
da atual sociedade.
Consideramos que um dos motivos do enraizamento do sistema
educacional brasileiro à estrutura curricular tradicional e/ou tecnicista pode
estar relacionado com a dificuldade de entendermos qual o papel da escola nos
dias atuais. Dessa forma, tendemos a nos pegar ao que nos é familiar, ao que
nos é mais conhecido; portanto permanecemos delineando organizações
curriculares no modelo educacional que temos como referência há mais tempo.
A educação deve ser
concebida como um processo dialético critico e reflexivo, que promova o
continuo desenvolvimento de todos que fazem parte do contexto escolar.
Portanto, pensar na elaboração de um currículo não é simplesmente selecionar
conteúdos a serem trabalhados como se fossem peças de diferentes quebra-cabeças
e acreditar que se pode montar algo coerente no final da brincadeira. Os
conteúdos isolados trabalhados como conhecimentos distantes da realidade do
nosso educando, não possibilitam a aprendizagem significativa.
Estrutura escolar
como uma instituição de ensino
ASPECTO ESTRUTURAL – O
modo como os fatores e os elementos que compõem a escola são organizados e se
inter-relacionam, formando um conjunto que determina as características e o
funcionamento escolar.
Os aspectos estruturais revelam como e de que forma a
instituição se organiza ou pode se organizar para viabilizar as condições de
atuação pedagógica no contexto da escola. Esse aspecto demanda quatro subestruturas
que regem todo o funcionamento escolar:
·
Estrutura
física – Representa todos os espaços e todas as condições físicas da escola
que devem ser entendidos como espaços de aprendizagem.
·
Estrutura
material – Representa os recursos materiais e tecnológicos que fornecem
diferentes possibilidades didático-pedagogicas de estimulação e múltiplas
aprendizagens.
·
Estrutura
ideológica – Representa o conjunto de idéias que devem direcionar o que a
escola pretende no ato de educar. `
·
Estrutura
pedagógica – Representa os pressupostos teóricos, as bases
didático-metodologicas e direcionam a atuação dos educandos e dos educadores,
definindo e delineando os aprendizados no contexto escolar.
Com base nos aspectos estruturais, consideramos o surgimento
de três dimensões também inter-relacionadas que compõem, ou devem compor a
instituição escolar.
·
Dimensão
funcional – Aqui entendemos a finalidade da escola, os objetos propostos, a
função social e política que representa.
·
Dimensão
organizacional – É a maneira como a escola é, ou deve ser organizada,
preparada e planejada para atender as necessidades reais de um grupo social a
que atende.
·
Campo
curricular – Deve ser pensado, elaborado e trabalhado atentando para a
realidade sócio-histórica dos educandos. O currículo precisa estar adequado e
contextualizado.
Os aspectos estruturais que compõem a escola deverão ser
constantemente repensados com base nas necessidades de todos que estão
envolvidos no processo educacional, para que haja uma plena inclusão
socioeducacional. Devem ser levadas em consideração, nessa continua avaliação,
a subjeção humana no contexto educacional e a superação da fragmentação dos
conteúdos.
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