TEORIA DA HISTÓRIA
A
HISTÓRIA
A História é o estudo acadêmico dos
grupos humanos, de seus indivíduos e suas manifestações ao longo do tempo, com
base em métodos específicos, fundada em uma determinada tradição
epistemológica.
História
é o estudo: o passado e o estudo do passado são coisas diferentes; os
textos sobre o passado também apresentam um termo específico, historiografia.
Acadêmico:
não se trata apenas de ser vinculado ao ensino superior, mas também, por
seguir um modelo considerado próprio da história acadêmica (refletir sobre
hipóteses, discutir teoricamente os objetos, utilizar fontes primárias para a
produção de textos). É comum que outras formas de veiculação da história
utilizem de métodos próprios, isso é presente em livros, documentários,
jornalismo etc., são de grande importância, não são inferiores ou superiores ao
método acadêmico de História, somente possuem objetivos e públicos diferentes.
·
Livros
didáticos: em geral são escritos por historiadores, apresentam
características teóricas dos textos acadêmicos, ou seja, precisa ser
cronologicamente corretos, basear-se em fatos comprovados, debater com a
historiografia. Os materiais didáticos têm especificidades: lidos por
professores e alunos, são materiais que cumprem a função específica de auxiliar
na apreensão e na discussão de temas históricos considerados socialmente
relevantes, definidos por currículos nacionais, estaduais e municipais.
Dos
grupos humanos: A História estuda pessoas e não qualquer coisa do passado.
A História pode ter como objetos sociedades inteiras, grupos de indivíduos e
instituições.
Ao
longo do tempo: recortes temporais, a delimitação de um período específico
(inicio e fim). Dentro de cada recorte temporal, estuda-se de que forma o
objeto da pesquisa surge, como se desenvolve, em que características e sob
quais influências muda ou permanece o mesmo.
Com
base em métodos específicos: todo estudo histórico é feito com base em
vestígios (fontes históricas), coleta, seleção, crítica e análise de fontes são
os principais métodos para se estudar a história, mas não são os únicos – a
História trabalha com resolução de problemas históricos.
Fundada
em determinada tradição epistemológica: significa refletir sobre os
princípios e métodos do conhecimento, de estudar os modelos pelos quais se
chagam a conclusões. A História tem determinados autores referenciais.
A
UTILIDADE DA HISTÓRIA
A história nos permite conhecer a
nós mesmos e aos outros; esclarecer eventos importantes do presente e,
inclusive, concluir que nossa própria realidade é o resultado de mudanças não é
aleatório. O nosso presente está repleto do nosso passado, somos o resultado de
processos, de conjuntos, de transformações, de determinada construção.
Processos, transformações e
construções que influenciam e foram influenciadas por projetos de poder, formas
de conceber o mundo, visões sobre o futuro, concepções culturais, objetivos
econômicos ou religiosos, ou nacionalistas, entre outros.
O
que se estuda e o que se pode saber como base no passado?
Atualmente o campo de pesquisas da
história e basicamente ilimitado, isso porque, são criados como base em
preocupações do presente, o qual, por sua vez, está sempre em mudanças.
É ilimitado o numero de informações
que podem ser retiradas da análise das fontes. Isso porque novas perguntas
permitem que historiadores estudem documentos históricos sob novas luzes.
Sobre
a utilidade do papel da história
A história serve para perceber e
problematizar preconceitos naturalizados por meio da análise de seus contextos
sociais; como genealogia do presente, a história sempre está ligada a projetos
de poder, seja pela defesa ou crítica deles; a história na deve ser associada a
uma perspectiva de neutralidade e isenção.
SELECIONAR
PARA COMPREENDER
A história não busca a reprodução fiel
da realidade, mas a criação de um modelo possível de analise. Isso serve na
verdade a qualquer ciência: a realidade sempre terá de ser selecionada e
reduzida para que possa ser estudada.
·
Como
selecionar o todo de uma época?
A opção em
selecionar tudo produzirá como resultado o nada.
·
As fontes
não têm um conteúdo único que se possa extrair delas?
Atualmente, sabe-se
que uma mesma fonte poderá ser utilizada para uma enorme quantidade de
pesquisas diferentes: cada pesquisador a observará com determinadas perguntas e
extrai-rá delas diferentes fatos.
A totalidade do passado é
irrecuperável, portanto, isso não é um defeito da história, mas é a simples
impossibilidade de se recuperar a totalidade da realidade, por qualquer método
que seja.
A seleção dos fatos pelos
historiadores dependerá dos objetivos da pesquisa e dos problemas que se deseja
solucionar.
Fatos
históricos
Fato histórico é um acontecimento do
passado identificado por vestígios que deixou em documentos e utilizados
analiticamente para abordar determinado problema histórico.
Os historiadores constroem os fatos
históricos: lançam questões aos documentos e, assim, obtêm certas informações.
A construção dos fatos, portanto, é uma tarefa ativa – questionam-se
as fontes tendo em mente os problemas a serem resolvidos - e não passiva – como se os fatos já estivessem lá e fosse necessário apenas coletá-lo.
Selecionado
fatos
1. O
fato deve ser selecionado em função de sua relevância para a solução do
problema destacado pelo historiador, e não pelo caráter estético, diferente ou
singular. Deve-se dar atenção em primeiro lugar, aqueles dados que estão
ligados diretamente ao problema da pesquisa.
2. Os
critérios de seleção devem ficar explícitos tanto para pesquisadores quanto
para leitores. Uma organização aleatória de fatos enfraquece o argumento, não
responde aos problemas da pesquisa. Sendo os fatos históricos não evidentes,
mas conseqüências de um processo intelectual dos pesquisadores devem ser estabelecidas
da maneira mais clara possível.
Fontes
históricas
A noção de fontes histórica está
intimamente ligada à concepção de história. Se no século XIX, o importante era
estudar o surgimento e a evolução dos Estados e as relações entre eles, então
apenas os documentos oficiais de instituições e governos, e que fossem escritos
seriam fontes históricas.
A expansão do conceito de fonte
histórica está relacionada à ampliação do próprio conceito de história. Insurgindo-se contra o modelo metódico próprio
do século XIX. Os historiadores das primeiras décadas do século XX começaram a
defender que todos os elementos que compõe a sociedade humana poderiam ser objetos
de analise históricos.
Documentos
e sociedade
A criação de arquivos públicos para
a guarda de documentos, bem como a preocupação com a preservação da memória de
um país, exemplificado pela criação de um país, exemplificado pela criação de
instituições de pesquisa histórica e museus.
Eles acompanham tanto a formação dos
Estados nacionais, quanto o desenvolvimento da história como ciência. É um
processo que teve seu inicio no século XVIII, mas ganhou força no século
seguinte. Documentos jurídicos eram guardados por sua importância legal pelos
governos, usualmente locais; livros eram preservados em igrejas; diários
íntimos, cartas e documentos pessoais eram preservados pelas próprias famílias;
o acaso preservou outros.
Final da idade média, os antiquaristas desempenharam um duplo e
importante papel: coleta e preservação
de materiais e desenvolvimento de técnicas de análise. As coleções
particulares formaram as primeiras versões de que seriam os museus.
O processo de arquivamento de
documentos para fins de preservação da memória tem sua própria
intencionalidade. Os documentos que aparecem preservados em arquivos são
resultado de escolhas e exclusões, de visões de presente e passado. Um
documento não existe por si, mas é produto da sociedade que fabricou, segundo
as próprias relações de força que aí detinham o poder. (LE GOFF).
A dimensão monumental de um documento diz respeito às condições
histórica de sua produção e sua intencionalidade, ou seja, o resultado do
esforço das sociedades históricas para impor ao futuro – voluntária ou
involuntariamente – determinado imagem de si própria.
Análise
de fontes
Retirar das fontes os dados de sua
produção, bem como seu conteúdo explicito. Tratando-se de um documento escrito,
por exemplo, inicia-se com sua decifração, leitura e contextualização.
Diferentes documentos exigem diferentes especialidades.
Fontes
verdadeiras e fontes falsas
Na atualidade, a capacidade dos
historiadores de determinar falsificações demonstra também, a qualidade
objetiva do conhecimento que produzem. Uma estratégia importante para a
identificação de fontes falsas é compará-las com fontes do mesmo período.
Mudanças no conceito de história,
como no século XIX, onde eram considerados validos apenas os documentos
oficiais verdadeiros, seria impossível construir qualquer história de um Estado
com base em informações falsas. Assim tudo o que era entendido como “falso” era
descartado. Nos dias de hoje, um documento identificado como “falso” ou mesmo
“mentiroso”, pode ser utilizado como fonte histórica, desde que abordado em uma
perspectiva adequada. Vários outros documentos que poderiam ser claramente definidas
como falsos tem sua importância histórica.
Interpretação
de documentos
O primeiro passo para a adequada
análise histórica é o conhecimento devido das fontes com as quais se trabalha.
Não existe documento que seja mais ou menos verdadeiro, mas ou menos
intencionais. O historiador deve está atento as influências sociais e culturais
no momento da análise das fontes e na construção de explicações históricas: dados sobre o autor do documento; tipo de
documento; direcionamento do documento; conteúdo do documento.
E quando não há documentos? Quando
não há documentos, os historiadores devem fazer suposições. Isso faz parte de
seu trabalho, são suposições embasadas, fundamentadas em trabalhos de outros
historiadores ou em analogias com fontes semelhantes.
Sem documentos que suportem uma
resposta fundamentada em evidências diretas, resta aos historiadores fazer
suposições com base no que é conhecido.
SINTESE
A
história é uma forma específica de conhecimento, produzida segundo determinadas
regras e tendo como objetivo o presente. Para isso o passado se torna uma fonte
de conhecimento da nossa própria realidade atual. A atuação dos historiadores é
fundamental para a produção do conhecimento histórico.
Compreendendo
o documento de uma forma ampla, a história é produzida com base em questões
construída no presente e lançadas por historiadores em vestígios do passado:
fontes históricas. A seleção de fatos históricos na análise de documentos
depende das questões a serem respondidas pela pesquisa.
Comentários
Postar um comentário