No século XIX, a maior parte dos países africanos foi conquistada e ocupada pelas potências europeias. Enquanto isso, no Brasil e no restante da América, os povos indígenas pareciam definitivamente subjugados. Diante dessa realidade, a ideia de uma superioridade europeia ganhou força e foi espalhada pelas escolas e outras instituições do regime colonial por tidas as partes. É o chamado eurocentrismo, uma forma de contar a história que coloca a Europa no centro de todos os acontecimentos.
O problema é que essa concepção, apesar de todos os avanços, ainda hoje predomina nas salas de aula, e nega aos negros e índios uma história. Os índios brasileiros têm uma história de milênios, assim como a África tem uma história - e mais antiga que a europeia.
A história da África vem de muitas fontes escritas, mas é a tradição oral o melhor caminho para compreender o continente. Porque mesmo onde não há escrita, existe a fala. E, na ausência da escrita, a palavra ganha força. Na África, os acontecimentos adquiridos, as histórias que contém a essência dos povos, são cuidadosamente passados de geração a geração. Os grandes depositários desse conhecimento, na África, são chamados doma. São os "conhecedores". Os colonizadores europeus perseguiram os domas, porque a palavra tem poder. No entanto, eles ainda vivem pelo continente para contar a história de seus povos e de seus antepassados. E uma dessas histórias é a do primeiro homem da terra, que nasceu em solo africano.
Se você chegasse à África de 30 milhões de anos atrás, veria que não existia o home como conhecemos hoje - ou seja, um ser que se move sobre os pés de forma ereta, tem os dentes caninos pequenos, pensa e tem a capacidade de aprender, entre outras características. O que havia, no nordeste do continente, eram bandos de pequenos primatas por todos os lados. Pulando pouco mais de 20 milhões de anos encontramos o simpático australopiteco. Ele já tem as mãos semelhantes às nossas, mas não mais garras. Os pés se firmam no chão, permitindo uma postura ereta. Mede cerca de 1 metro e tem uns 40 quilos. Usa paus e pedras como ferramentas, mas não sabe como modificá-los. Ele deixou de ser vegetariano para torna-se onívoro - come igualmente carne e vegetais. Os cientistas o classificam como hominídeo.
Então, no meio dos australopitecos, um grupo cujo cérebro vinha crescendo de tamanho começou a fabricar instrumentos de pedra e osso. Esses hominídeos aprenderam a construir cabanas e organizaram um modelo de vida em pequenos grupos. Mais do que isso: eles adquiriram a capacidade de ensinar e aprender habilidades. Era o Homo Faber, o primeiro exemplar do gênero Homo. Ele surgiu no leste da África por volta de 3 milhões de anos atrás. Ainda levaria mais uns 2 milhões de anos até chegarmos ao Homo sapiens, a nossa espécie que sairia da África para conquistar todo o planeta.
Por Fábio Sáboia.
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