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O preconceito aos espiritas assemelha-se muito ao preconceito vivido pelos cristãos no mundo antigo. As pessoas que temem o Espiritismo não conhecem a doutrina, dão ao termo aplicações indevidas, perdem-se num cipoal de suposições a respeito das sessões espíritas, na maior parte das vezes, oriundas de relatos bíblicos e falácias que passam de geração em geração. Em geral os acusam de endemoniados, necromantes, feiticeiros e coisas do mesmo teor, como faziam gregos e romanos com os cristãos primitivos. E essas deturpações do Espiritismo não são apenas orais, correndo entre pessoas simples. Figuram também em publicações eruditas, revistas, jornais, livros de ensaios e estudos, com indivíduos ditos "cultos".

O maior equivoco que ocorre nas tentativas de explicar as motivações que levam pessoas a julgar e/ou inferiorizar outras crenças é a diferenciação. Geralmente, olhamos o "outro" tendo como base a nossa própria concepção de vida, cultura, aprendizado etc. Exemplificando: um gato jamais irá conseguir explicar o porque das atitudes de um cão, o gato nasce com todos os mecanismos de um gato, e ainda, ele aprende com a vida as formas necessárias para sobrevivência.
Ainda nessa linha de raciocínio: Uma pessoa nasce e se constitui em um lar católico cristão; outra pessoa nasce em um lar cristão protestante (esse termo por si só já se configura em erro); uma terceira pessoa nasce e se constitui em um lar espírita. Nenhum desses três indivíduos conseguirá explicar suas motivações para não aceitar o "outro", isso porque, não conseguimos compreender o mundo ao nosso redor sem ter como referência a nossa prória concepção de vida, cultura e sociedade.
Pitágoras já dizia que a Terra é a morada da opinião. E como a opinião é a coisa mais frívola que existe, a mais incerta e a mais irresponsável, não é de admirar que tanta gente opine sobre o que não conhece. Mesmo entre os letrados, a opinião é um hábito enraizado. Mas é evidente que, quando se trata de uma doutrina espiritual, esposada por tantos homens de projeção no mundo das ciências e do pensamento, em todo o mundo, as pessoas de cultura, ou mesmo de mediana cultura, deviam ter mais cautela ao se manifestarem a respeito. Porque se é livre o direito de opinar, não é menos livre o direito de se julgar o senso de responsabilidade de quem opina.
O maior motivo de temer do Espiritismo é o próprio temor. Ou seja: é a covardia humana, essa terrível covardia que faz os homens estremecerem de horror diante do perigo de mudarem de posição diante da vida e do mundo. O Espiritismo, entretanto, não exige outra mudança, senão a da concepção estreita de uma vida utilitarista e falsa, para a ampla concepção de uma vida espiritual, profunda e verdadeira.
De todas as forças que oprimem o Espiritismo, a que mais o tem prejudicado é a “força do preconceito”.


Por Fábio Sáboia

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