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A Concepção de Cultura em Vigotsky (Resenha)


Resenha sobre artigo de MARTINS, L. e RABATINE, V. A Concepção de Cultura em Vigotsky: contribuições para a educação escolar. Psicologia Política. Vol. 11, nº 22, p. 345-358. Jul-dez. 2011. Solicitada pela disciplina de Desenvolvimento Humano e Aprendizagem, do curso de Pós Graduação em História e Cultura Afro-Brasileira.


RESENHA

No que tange a natureza cultural do psiquismo humano, as autoras concebem que a base filosófica do trabalho destas autoras é a relação histórica e cultural que permeiam os indivíduos. As relações históricas e culturais são internalizadas pelo indivíduos que, se transformam em conexões psíquicas. Essa assimilação do externo cria respostas para ação do indivíduo, além de definir as formas como ele irá se relacionar com novas informações. Outro ponto importante é a distinção entre os modos de funcionamentos: naturais, sendo a evolução do homem enquanto ser biológico superior; artificiais, sendo as conquista do ser humano no seu processo de desenvolvimento histórico e social.
O texto afirma que a linguagem ocupa função de destaque no desenvolvimento das relações sociais, esse desenvolvimento será fundamental para prática laboral. Diferentemente das teorias que afirmam que o indivíduo possui de forma inata os mecanismos de compreensão do mundo externo, a autor afirma que os mecanismos são criados a partir da interação com o meio social. A partir dessas interaçõessãodesenvolvidosos mecanismos necessários para que o indivíduo possa se inserir no meio social. O texto ressalta a instrumentalização dos signos na conduta humana, apresentado três aspectos: o primeiro diz respeito à semelhança e o ponto de contato entre o emprego de signos e o emprego de ferramentas; a segunda aponta para as divergências entre elas; por último para as correspondências entre elas.
A segunda Problematização do texto refere-seà formação das funções psicológicas superiores. As psicologias tradicionais apontavam para um desenvolvimento humano não individualizado, nesse sentido, criavam-se formas únicas para o estudo do desenvolvimento humano. Vigotsky trilha um caminho diferente, onde, deveriam ser formuladas hipóteses que considerassem a diversidade histórico-cultural do indivíduo. Sendo assim, as funções psicológicas superiores seriam formadas no decorrer do desenvolvimento cultural do indivíduo.
O terceiro ponto de análise do texto aborda a relação entre desenvolvimento cultural do psiquismo e a educação escolar. As autoras expõem a crítica de Vigotsky a um método de ensino que não vislumbre a significação do processo educacional, em outras palavras, a inutilidade em repassar conteúdos que não se conectem ao entendimento que indivíduo possui sobre si mesmo, que é derivado da interação deste com seu meio social. Considerando o pensamento de Vigotsky, um processo de aprendizagem que objetive a aquisição de potencialidades individuais, deve levar em consideração a significação de seus conteúdos para com seus discentes.
            A teoria de Vigotsky é apropriada ao que se observam dentro do cotidiano educacional quando o ensino objetiva a qualidade do processo. Um conteúdo é mais bem aproveitado pelo estudante quando este possui relações de significação. Ainda que as características inatas distinguem os homens, essas basicamente possuem funções preparatórias para a aquisição dos signos. É na relação com o externo que se criam as formas psicológicas de aprimoramento, assim sendo, o individuo necessita da ação ativa do outro, e não o contrario. A teoria de Vigotsky busca a compreensão da formas possíveis para a promoção integral do individuo, essa concepção é de suma importância para o contexto educacional. Ainda que não se observe nos dias de hoje o rompimento com as teorias tradicionais, a teoria de Vigotsky serve como uma alternativa, outra forma de potencializar o processo educacional.


Por Fábio Sáboia

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