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MUNDO ANTIGO: A MONARQUIA GREGA


As cidades-estado foram, a princípio, segundo Aristóteles, governadas por reis que pretendiam governar e julgar por direito divino. Revelou-se, depois, que os reis eram incapazes de conservar seu poder em face da rivalidade dos aristocratas, os quais se instalaram no governo como grupos dominantes.
Portanto, a monarquia grega:
  • Era hereditária;
  • O rei era o chefe de guerra;
  • O rei era considerado o juiz da sociedade;
  • O rei era considerado o intermediador entre o mundo físico e o mundo espiritual, um sacerdote.
Este rei não poderia agir sozinho, pois se assim o fizesse poderia extrapolar em suas ações e não pensar nos interesses dos outros cidadãos. Por isso, um conselho de aristocratas limitava e controlava o poder do rei. Era exatamente assim em Atenas, que teve como primeiro regime político a monarquia. O monarca ateniense era considerado, além de sua função de administração pública, como o chefe religioso da cidade, responsável pelo zelo dos deuses no favorecimento de colheitas, fertilidade para as famílias, contenção dos invasores. Acompanhando as funções políticas do rei havia o Aerópago, órgão consultivo em que os chefes das mais importantes famílias se reuniam. Quando o rei tomava uma decisão, comunicava-a para uma assembléia de cidadãos, a Ekklêsía.
A vida política era bastante agitada, pois as famílias dos eupátridas concentravam a maior parte das riquezas da cidade e sempre estavam na cena política tentando favorecer seus interesses de classe. Deste modo, o monarca ateniense, chamado de basileus, sempre estava negociando suas decisões entre as reivindicações dos eupátridas. Ao longo do tempo, isto enfraqueceu a realeza ateniense e foi conduzindo o monarca a realizar apenas funções religiosas e não mais políticas.
Ao lado do rei, foi colocada outra figura que cuidava apenas da parte política, o arconte, membro da aristocracia. Em Atenas haviam, no século VII a.C: o arconte polemarco, com poder militar, e o arconte epônimo, que decidia com autoridade superior em situações relativas ao Estado. Ambos conviviam com o basileus ateniense, que prestava serviços nos templos e era importante nas festividades.
Exposta essa condição de Atenas, vamos analisar outra cidade-estado grega muito importante, Esparta. Em Esparta, os bem-nascidos eram chamados de esparciatas, descendentes dos fundadores dórios, donos de grande parte das propriedades rurais e ocupantes dos altos cargos no exército. Somente eles eram considerados cidadãos. Haviam ainda os periecos, comerciantes e artesãos livres, sem direitos políticos, e os hilotas, escravos, sem direitos também. Os espartanos também se organizavam em torno de monarquias e em seu desenvolvimento político exerceram também a Diarquia, quando dois reis estavam ao mesmo tempo cuidando das funções militares e religiosas. No caso de Esparta, a guerra era muito presente e por isso a liderança da polis tinha uma característica de defesa muito forte. Além dos reis existia o Eforato, órgão representado por cinco membros eleitos anualmente por uma assembléia de cidadãos, a Apela (composta de homens com mais de 30 anos que formavam uma oligarquia). Como tinha a função de auxiliar os reis, o Eforato cuidava das leis e da educação da comunidade.

Em caso de necessidade, os esparciatas membros do Eforato poderiam recorrer à Gerúsia, um grupo de 30 anciãos com mais de 60 anos disponível para dar conselhos, do qual os próprios reis eram escolhidos. A Gerúsia propunha leis e decidia a participação em conflitos militares.


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